Bruno Varrichio, Coordenador de Planejamento de Marketing na Coopercitrus, foi um dos entrevistados para o estudo Liga Insights AgTechs, lançado em abril de 2019. Durante a entrevista, ele falou sobre o processo de digitalização do mercado agro e quais os desafios para as startups que desejam atuar neste segmento.
O estudo completo está disponível para download neste link.
A Coopercitrus é uma das maiores cooperativas do Brasil e a maior do Estado de São Paulo, na comercialização de insumos, máquinas e implementos agrícolas e conta, atualmente, com mais de 35 mil agropecuaristas associados.
Liga Insights (LI) – Como a Coopercitrus vê a introdução de tecnologias nos processos e atividades agrícolas e pecuários?
Bruno Varrichio (BV) – A tecnologia é fundamental para que o produtor tenha informações integradas e cresça de forma sustentável. A necessidade de produzir mais, dentro da mesma área, é muito grande, e com o uso de tecnologias é possível alcançar produtividade com rentabilidade. A Coopercitrus tem trabalhado muito forte em um portal que se chama Campo Digital, que integra diversas tecnologias em uma plataforma, oferecendo aos cooperados o uso de ferramentas modernas para que consigam aumentar a produtividade em suas propriedades.
LI – De que forma a digitalização do setor afeta as cooperativas? Como tem afetado a Coopercitrus?
BV – Hoje, a digitalização no setor Agro é um pouco tímida. Os produtores ainda têm resistência em utilizar algumas tecnologias no campo. Isso ocorre, pois eles ainda não percebem o valor da implementação e não conseguem ver de forma clara se a tecnologia trará retorno positivo ou não. Enquanto não for mostrado o que terá de ganho, é muito difícil o agropecuarista se arriscar e investir em algo. A Coopercitrus possui uma equipe especializada em agricultura de precisão, com mais de 30 pessoas a campo oferecendo serviços e tecnologias que tem como intuito melhorar os processos e atividades agrícolas. O uso de tecnologias é algo que no futuro será inevitável, mas no momento caminha a pequenos passos.
LI – As cooperativas são afetadas por meio da introdução das tecnologias no setor?
BV – Sim, afetadas de forma positiva. A Coopercitrus sempre busca novas tecnologias, capacita as equipes e é antenada às mudanças para conseguir evoluir de acordo com o mercado e com as necessidades do mundo agrícola. Se ficarmos parados no tempo, perderemos o timing.
LI – Como a Coopercitrus vê o ecossistema de AgTechs?
BV – Existem muitas iniciativas isoladas, mas os produtores precisam de informações integradas e coerentes, pois não irão comprar soluções isoladas. Isso, inclusive, pode aumentar o nível de resistência à adesão de tecnologias. É preciso que as startups entendam do processo e vejam o que está acontecendo, para que tragam algo que faça a diferença para o produtor rural, integrando soluções práticas para o uso no campo.
LI – De que forma os empreendedores podem mostrar aos produtores que as tecnologias ajudarão de fato?
BV – Primeiramente precisam entender que não é uma questão de confiança e sim de percepção de valor. É saber que o investimento realizado terá um retorno real. Aqui, a Coopercitrus mostra casos de sucesso, apresentando os resultados dos demais produtores que utilizaram as tecnologias. Ao mesmo tempo, é preciso entender também, que este não é um processo que ocorrerá da noite para o dia.
LI – De que forma as startups poderiam se relacionar com as cooperativas?
BV – Um erro comum das startups que atuam no setor de Agro é querer atingir o produtor de forma direta. Algumas já perceberam isso e estão tentando entrar no mercado por meio das cooperativas e empresas aceleradoras, o que é ótimo. A nossa função como cooperativa é atender o produtor em todas as necessidades agropecuárias. Hoje, ele precisa de uma solução integrada que traga resultados sustentáveis.
Confira o estudo completo Liga Insights com o tema AgTechs!