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CienTistas com o perfil T: estratégia para enfrentamento da crise

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ARTIGO DE OPINIÃO

Por: Sabrina Oliveira  / Líder de projetos em inovação da Biominas Brasil

Nunca foi tão importante o relacionamento do mundo acadêmico-científico com o mercado como agora. Diante da crise atual, a comunicação e a efetiva colaboração entre estes dois mundos se faz crucial para vencermos a pandemia do COVID-19.

O gap entre universidade e mercado não é novidade, “o vale da morte” é real, sobretudo para tecnologias em ciências da vida. Já é sabido o longo caminho e os desafios ao tentar traduzir a pesquisa acadêmica em soluções para a sociedade.

Além de questões relacionadas à disponibilidade de recursos, escalonamento e reprodutibilidade de novas tecnologias, temos o desafio de desenvolver recursos humanos. Pois além do know-how técnico, precisamos de profissionais que sejam capazes de compreender e colaborar com áreas de diferentes expertises.

Segundo Tim Brown, CEO e presidente da IDEO, consultoria de design, o mercado valoriza um tipo de profissional denominado “T-shaped person”. A linha vertical do T faz alusão a uma área do conhecimento na qual você tem expertise e conhece mais profundamente, enquanto que a linha horizontal do T representa diversas áreas nas quais você possui um conhecimento mais superficial e capacidade de colaborar. Ou seja, o mercado precisa de profissionais experts em um assunto, mas que não tenham somente esse foco, que busquem inspiração e colaboração em múltiplas áreas do conhecimento.

Dessa forma, é importante que a comunidade científica tenha conhecimento técnico e também busque desenvolver competências empreendedoras (negócios, mercado, economia, etc.) e habilidades interpessoais (soft-skills). Uma formação multidisciplinar é essencial para transformar de forma ágil conhecimentos em soluções aplicáveis para os problemas que vivemos atualmente.

Cientistas com perfil T, além de estarem preparados para conduzir seus experimentos na bancada, também estariam atentos ao potencial de aplicação de suas descobertas além dos muros do laboratório. Essa visão e conhecimento sistêmico aumentam as chances dessas soluções chegarem à sociedade.

No contexto da pandemia do COVID-19, conhecimento de metodologias ágeis, por exemplo, podem contribuir para desenvolver diagnósticos e tratamentos que considerem a experiência dos stakeholders envolvidos: paciente, familiares e hospitais. Dessa forma, garante-se o alinhamento de expectativas entre os usuários e as soluções propostas.

Para citar outros exemplos, conhecimentos em aspectos regulatórios podem contribuir para que determinados experimentos científicos sejam realizados ainda nas fases iniciais da pesquisa, o que pode acelerar o processo de regulamentação para a entrada da solução no mercado. Por sua vez, um maior entendimento a respeito da propriedade intelectual permite gerar valor para os pesquisadores e para o posicionamento competitivo da instituição envolvida. Assim, é possível desenvolver soluções efetivas e direcionadas às dores de todo o sistema de saúde.

Investir em capacitação multidisciplinar e empreendedora não é importante somente em contexto de crise. Esse tipo de formação abre portas para o mercado de trabalho para uma mão de obra extremamente qualificada. Além de,incentivar o surgimento de startups e negócios em biotecnologia, desenvolvendo um setor imprescindível para a inovação e competitividade de um país.

Na era da educação digital, a busca pela capacitação e informação nunca esteve tão alcançável. É possível ter acesso a cursos de diversas áreas em diferentes partes do mundo. Desde os mais tradicionais, como MBAs e especializações, até modalidades de curta duração e mais práticos. Há ainda cursos e eventos de conexão com mercado, focados no desenvolvimento de negócios para o público de pesquisadores e cientistas.

A crise exige de nós ações ágeis, direcionadas e coordenadas. Educação e ciência são parte fundamental da solução dos problemas! Entretanto, a diversificação do conhecimento é um pré-requisito para que saibamos responder com a clareza e destreza necessárias. Precisamos de uma comunidade científica que esteja disposta a desenvolver “a perninha” horizontal do T.

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Sobre o Follow-On:

Com uma rede que já conta com mais de 90 parceiros, o Follow-on é uma iniciativa organizada pela Liga Ventures que tem como objetivo reforçar a crença no ambiente empreendedor e de inovação do Brasil diante do cenário atual. O Follow-on quer contribuir para a discussão de uma Agenda Positiva de retomada, pautando as ações de inovação com startups como algo fundamental também em momentos de crise. A nossa rede está organizando uma série de apresentações de pitches de startups, conteúdos especiais, painéis com especialistas, cases estruturados, artigos de opinião, entre outros formatos para que possamos fundamentar ainda mais nossas decisões para uma Agenda Positiva de retomada.

Sobre a Liga Ventures:

Criada em 2015, a Liga Ventures é uma das maiores aceleradoras de startups do país e pioneira no mercado de aceleração corporativa e corporate venture, com parceiros como Porto Seguro, GPA, Banco do Brasil, Brink’s, Embraer, Mercedes-Benz, TIVIT, Saint-Gobain, Unilever, Vedacit, Souza Cruz, Suvinil, Bauducco, Ferrero, Colgate-Palmolive, Unimed FESP e Sodexo. A Liga também já acelerou mais de 200 startups nos ciclos de aceleração e criou mais de 25 estudos inéditos por meio do projeto Liga Insights, apontando startups que estão inovando nos setores de AutoTech, Retail, Tecnologias Emergentes, HR Techs, Health Techs, IT, Real Estate, Food Techs, MarTechs, AgroTechs, EdTechs, entre outros.