Sobre a Ciclix
Após se tornarem vencedores da 1ª edição do Rainbow Hackathon Brazil, realizado em 2018 na cidade de São José, em Santa Catarina, Christian Ruppenthal e Edilberto Neto levaram a ideia adiante e fundaram a Ciclix, startup que tem como foco gerar indicadores operacionais – CAPEX e OPEX – a fim de auxiliar administradores de hospitais e equipes médicas.
Por meio de seu aplicativo, a Ciclix fornece ferramentas como a intranet, possibilitando a comunicação entre diferentes departamentos, e o rastreamento em tempo real, permitindo a localização de equipamentos, colaboradores e pacientes. Segundo Ruppenthal, as soluções propostas pela healthtech ajudam a resolver uma dificuldade enfrentada por muitos hospitais: a gestão de processos e de equipamentos.
Para ilustrar o segundo caso, o cofundador conta que, na fase de testes do sistema do app, pediu para uma pessoa da enfermagem localizar um eletrocardiógrafo, no que ela saiu caminhando pelo hospital, foi até a sala de diagnóstico de imagem e, meia hora depois, voltou. ”A pessoa não estava com o eletrocardiógrafo e ainda perdeu meia hora”, explica. “Com o nosso aplicativo, o profissional consegue localizar o equipamento e verificar se ele está sendo utilizado naquele momento, o que facilita bastante.”
Além de reduzir o tempo gasto na busca por outros itens como cadeiras de rodas, macas e bombas de infusão, o rastreador gera indicadores importantes com relação à taxa de utilização de ativos, evitando, dessa forma, despesas desnecessárias para o hospital.
“Quando chega um pedido de compra de um equipamento que custa R$ 100 mil, o responsável consegue olhar no sistema e analisar a taxa de utilização do equipamento. Se for menor do que 50%, talvez não seja o caso de comprar um equipamento novo, mas apenas de realocá-lo, tirando de um departamento e levando para outro” , afirma Ruppenthal.
Atualmente, a empresa possui dois clientes e tem como meta atingir uma receita acumulada de R$ 530 mil até o final de 2021.
Sobre o cliente
O cliente citado neste estudo de caso está entre os dez maiores grupos hospitalares do Brasil, com 24 unidades de atendimento espalhadas pelo país. A parceria que teve início em outubro de 2019 como um projeto piloto evoluiu e, no final do ano passado, tornou-se um serviço recorrente.
Dentre os desafios enfrentados pelo cliente, estavam: avaliar o desempenho das equipes médicas e compreender como os equipamentos hospitalares eram utilizados.
Da POC ao produto final
Para atingir tais objetivos não bastou ter a tecnologia, foi necessária uma comunicação constante entre a Ciclix e o cliente a fim de que a PoC (prova de conceito) apresentada fosse ajustada e aprimorada até chegar em uma versão que atendesse às necessidades do hospital.
O processo, claro, envolveu a utilização de diversas tecnologias, como a de Bluetooth Low Energy (BLE), um tipo de bluetooth que, por consumir bem menos energia do que a “versão clássica”, tornou-se uma das principais opções para as aplicações de Internet das Coisas (IoT) – como neste caso. “Com uma arquitetura de captura dos sinais dos Beacons da Ciclix, podemos processar essas informações em nossas redes de inteligência artificial e fornecer indicações adequadas de posicionamento de equipamentos e pessoas no interior do hospital”, diz Neto, cofundador da startup. “Assim, conseguimos criar fluxos operacionais facilitados para a equipe assistencial e administrativa.”
Além da tecnologia de rastreamento em tempo real, a healthtech elaborou um protocolo digitalizado de acidente vascular cerebral (AVC), com o objetivo de trazer mais segurança e praticidade ao atendimento de pacientes que apresentam sinais de AVC.
Resultados obtidos
Um dos maiores ganhos com a digitalização do Protocolo AVC foi a possibilidade de mapear o tempo de atendimento de pacientes, os quais dependem da agilidade da equipe médica para o sucesso do tratamento. Ou seja, mensurar e analisar o tempo para a aplicação de protocolos como este são passos fundamentais para identificar pontos de melhoria no processo, visando o ganho de eficiência.
Quando o paciente chega ao hospital com sinais de AVC, ele recebe uma pulseira com o dispositivo beacon da Ciclix, permitindo um acompanhamento mais assertivo do seu estado de saúde. “Nós conseguimos auditar quem estava com o paciente, por onde ele passou, por onde passaram os funcionários, ter certeza de quanto tempo durou cada etapa, ou seja, conseguimos mapear a jornada inteira do paciente no hospital e auxiliar as equipes”, explica Christian Ruppenthal.
Segundo o cofundador, o compartilhamento de informações no aplicativo torna o trabalho da equipe médica mais eficiente e garante, ainda, a segurança dos dados do paciente e do hospital.
Após um ano utilizando a tecnologia de rastreamento de ativos desenvolvida pela startup, o hospital economizou 8% na compra de novos equipamentos – aproximadamente R$ 70 mil. Ruppenthal e Neto estimam ainda que o tempo gasto pela equipe médica na procura por equipamentos foi reduzido pela metade.
De olho no futuro
A startup, que hoje conta com quatro funcionários, quer ampliar ainda mais o seu leque de soluções. A ideia é que, além de rastrear os equipamentos em tempo real, o software realize um diagnóstico constante das peças. De acordo com Neto, a nova funcionalidade permitirá antecipar possíveis problemas e aumentar a vida útil dos ativos. “Na nova versão do aplicativo que está para sair, o corpo da engenharia clínica vai receber uma notificação dizendo, por exemplo, que ‘a cadeira de rodas do apartamento 308 quebrou, está neste local e nós estamos aguardando a retirada’. Com isso, nós conseguimos gerar indicadores de tempo hábil para manutenção dos equipamentos, o que é bem importante para o hospital.”