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Iniciativas que fomentam a inovação no mercado de alimentação

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Com as mudanças que ocorrem dentro do mercado de alimentação, principalmente por conta dos novos hábitos de consumo das pessoas e da necessidade de otimização de processos na cadeia, tornou-se necessária a presença de movimentos e iniciativas que de alguma forma fomentem a inovação, de maneira a agilizar a transformação digital que aos poucos começa a acontecer.

E, para atender às novas demandas do consumidor – mais conveniência, praticidade, alimentação mais saudável, preocupação com sustentabilidade e desperdício, entre outras – e do mercado, as Food Techs têm mais facilidade em se aproximar do público e arriscar, por conta de sua natureza, que representa um menor risco para o negócio, em comparação com as grandes corporações.

A importância do surgimento de iniciativas que reúnam os diversos players do mercado

Tendo em vista essa necessidade, iniciativas interessantes já se apresentam no país, oferecendo suporte tanto para Food Techs quanto para empresas. Uma delas é o Foodtech Movement, que tem o objetivo de reunir interessados, entusiastas e transformadores da área, conectando diversos atores da cadeia para promover discussões sobre os desafios que envolvem o segmento de alimentação no Brasil.

Busca também criar boas condições para que empreendedores e novos negócios possam se desenvolver. Atualmente, realiza os Food Talks, encontros periódicos que envolvem corporações, academia, empreendedores, investidores e consumidores, para discutir o cenário de alimentação, de forma a manter um relacionamento contínuo entre os elos do setor.

Formação de empreendedores para um mercado mais desenvolvido e preparado

Com foco maior no segmento de startups brasileiro, o Food Academy é uma plataforma de educação voltada para o empreendedor do mercado de alimentação, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento de novos negócios.

Segundo Kelly Galesi, Cofundadora do curso, a ideia central é oferecer suporte a empreendedores early-stage ou intra-empreendedores (atuando dentro de grandes organizações) que precisam tirar os projetos inovadores do papel, estão em busca de um MVP ou piloto, ou necessitam captar investimentos e construir o negócio de forma concreta.

A plataforma já está implementada no Brasil e já formou o primeiro ciclo de empreendedores. De acordo com ela, junto com o projeto Food&Co – um hub de conexão de empreendedores em food para desenvolvimento de negócios de forma colaborativa –, o objetivo é estabelecer os primeiros passos para auxiliar na evolução de empreendedores e negócios em Food no Brasil, visto que esse momento inicial é uma grande dor das startups, que nem sempre possuem conhecimento técnico e espaço físico para desenvolver a solução.

Grandes oportunidades para corporações, startups e Academia

Neste cenário, as corporações podem expor seus problemas e desafios enfrentados e ter conhecimento sobre novas iniciativas que surgem, além de entender como outros players do segmento estão se posicionando quanto ao assunto. Para as startups representa uma possibilidade de contato com eventuais clientes e com outros atores envolvidos na cadeia, que podem ajudar a alavancar o negócio.

Para a Academia, por sua vez, é uma grande oportunidade de entender mais de perto o cenário do mercado, e buscar alternativas e soluções em faculdades, laboratórios e afins. Por fim, para o consumidor, a tendência é que toda essa integração resulte em ofertas mais adequadas à sua demanda e cada vez mais acessíveis.

Assim, já é possível perceber iniciativas também por parte das corporações em direção a processos e produtos mais inovadores, seja internamente ou por meio de parcerias com startups e centros de inovação.

Segundo Galesi, “não é segredo a dificuldade de entrar em uma organização de grande porte e querer mudar a mentalidade do dia para a noite. Porque, independentemente da necessidade de inovar, o core business vai continuar. Por conta disso, as empresas começam pela procura de soluções que curem dores internas, porque o resultado é mais tangível, concreto, e se torna possível movimentar a organização como um todo, aos poucos. É fazer entender a importância dessa transformação, que certamente vai acontecer”, afirma.

Movimentações internas de grandes corporações

Um dos aspectos que tornam as startups interessantes aos olhos das corporações são exatamente os modelos ágeis de trabalho, sob uma perspectiva de que a proximidade com os novos negócios tende a impactar a cultura organizacional das empresas.

A Duas Rodas, corporação com foco em desenvolver aromas, extratos naturais e ingredientes para a composição de alimentos, organizou-se internamente para desenvolver o projeto PLANTA.VC, com moldes de startups, em busca de entender de forma mais aprofundada os desejos dos consumidores e, consequentemente, as necessidades dos clientes que possui.

“É um projeto que funciona como um caminho direto para o consumidor, que muda muito rápido e segmenta cada vez mais. Novas comunidades estão surgindo, então novos produtos precisam ser criados também. Além disso, o PLANTA.VC nos ajuda a pensar como uma startup, abre muito o nosso mindset, ajuda a modificar a cultura corporativa da empresa, para que ela dê passos mais significativos em questões de inovação”, conta Steven Rumsey, Gerente Geral de Inovação e Tecnologia da empresa.

Uma empresa que já se mostra aberta e tem se esforçado globalmente para inovar em seus processos, estar mais perto das tendências de consumo e do ecossistema de startups é a Nestlé.

Além do Henri@Nestlé, plataforma global de inovação aberta – que tem como objetivo buscar soluções para desafios de sustentabilidade, bem estar e saúde – e que está presente no Brasil, a corporação tem ramificado seus campos de atuação para estar mais próxima dos novos negócios que estão impactando o mercado de alimentação. No início de 2019, participou do programa Scale-Up Endeavor Alimentos e Bebidas, que apoiou 19 startups do segmento.

Outra gigante do setor que também se posiciona ao lado da inovação e trabalha diretamente com startups é o GPA (Grupo Pão de Açúcar). Trabalhando junto ao ecossistema já há dois anos, a companhia tem olhado com mais atenção para as Food Techs. Um dos exemplos disso foi a parceria fechada em 2019 com a Cheftime, que elabora receitas e envia kits com os ingredientes necessários para o consumidores, com um passo a passo de como prepará-las.

Além disso, para o segundo ciclo do Liga Retail – programa de aceleração de startups, em parceria com a Liga Ventures –, o Grupo demonstra grande interesse em parcerias com Food Techs, além de startups voltadas para o varejo. Ainda, em comunicado ao mercado, o grupo se apresenta em “contínuo desenvolvimento do ecossistema de startups”, após a inauguração do GPA Lab Foodtech no Cubo, em São Paulo.

Um mercado dominado pelas PMEs e com pouca informação

No entanto, de acordo com Ricardo Voltan, Empreendedor e Investidor do mercado de Food no Brasil, grande parte das empresas que compõem o segmento, por serem de pequeno-médio porte, ainda demoram para entender os cenários da nova economia dentro de um mercado altamente competitivo, em que é preciso se reinventar o tempo todo.

Por conta disso, desenvolveu o projeto do Food Lab, em parceria com a Electrolux Professional, ainda não implementado no país, mas com o objetivo de ser um grande pólo de desenvolvimento e inovação na cadeia de alimentos.

“As indústrias estão atrás de cozinhas de alta tecnologia, para o desenvolvimento e teste de produtos, um laboratório que possibilite um contato com inovação. Isso ainda não existe no Brasil ou na América Latina, um local em que as empresas possam arriscar. A ideia é que seja um espaço aberto de inovação, para que aconteça essa integração entre indústria, empreendedores, startups e consumidores, que atinja a cadeia de ponta a ponta. As cadeias de alimentação e Food Service são muito desprovidas de informação, o que dificulta um empoderamento e tomada de decisão mais assertiva dos consumidores em relação às marcas”, conta Voltan.

A mudança de processos por meio da tecnologia, em um novo cenário

Em convergência a isso, segundo Ronaldo Portella, Sales Manager South of Latin America, Brazil & Cuba na Electrolux Professional, a busca por tecnologia na cozinha e indústria alimentícia é muito pequena no Brasil, o que torna o país atrasado em aspectos de inovação. Por conta disso, enxerga no Food Lab uma grande oportunidade e importância para empreendedores, principalmente os de menor porte.

“Estou muito em contato com outros países vizinhos e vejo muito acontecendo na América Latina e do Sul, mas não vejo no Brasil. Existe até uma falta de interesse em tecnologias novas, é muito no copiar do que já existe. Então, o Food Lab tem essa perspectiva, de ajudar quem quer entrar no mercado, mas não tem condições de fazer investimentos grandes, arriscar capital, testar para ver o que pode dar certo. Além, disso, existe também a intenção de promover a reinvenção da cadeia, mudar os processos por meio de tecnologia”, diz ele.

Claramente, além das citadas, muitas outras empresas, instituições e pessoas estão se mobilizando e criando iniciativas que impactem positivamente o mercado de alimentação. Todas são muito importantes dentro de um cenário em que os consumidores transformam suas próprias demandas frequentemente e por consequência buscam transformação naquilo que lhes é ofertado.

Assim, a partir dos primeiros passos, que já foram dados, novas oportunidades são criadas, e as tendências podem passar a ser vistas como o início de uma nova realidade no segmento.

Saiba o que os profissionais de grandes empresas e especialistas estão falando sobre o tema em entrevistas completas aqui

A startup Desinchá desenvolveu um chá com efeitos funcionais de desinchamento do corpo e eliminação de retenção de líquidos, além de outros benefícios para a saúde. A empresa une oito ingredientes em um só produto, vendido em kits por meio de clubes de assinatura. 

Fundada em 2015, a startup mineira BeGreen produz hortaliças hidropônicas gourmet, sem adição de agrotóxicos, em um modelo de fazendas urbanas ativas – uma no Boulebard Shopping em Belo Horizonte e outra na planta da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo.

A Motif é uma Food Tech que se utiliza de biotecnologia e fermentação para desenvolver proteínas alternativas, além de vitaminas, aminoácidos, enzimas e sabores para a produção de novos alimentos. Em 2019, a startup captou US$ 90 milhões em investimentos.

A Better Juice, que já captou US$ 550 mil, é uma startup fundada em Ashdod, Israel, que criou uma solução que, por meio de microorganismos não transgênicos e imobilizados,  reduz o açúcar de sucos naturais e produtos derivados de frutas, transformando-o em fibras dietéticas.