Amanda Ferri Curti: Head de Inovação e parcerias no Grupo Fleury, foi uma das entrevistadas para o estudo Liga Insights Hard Sciences na Saúde, lançado em julho de 2020. Durante a entrevista, ela falou sobre a maturidade do empreendedorismo e da pesquisa na área de saúde.
O estudo completo está disponível para download neste link.
Com mais de 90 anos, o Grupo Fleury é uma das mais respeitadas organizações de medicina e saúde do Brasil; contando com mais de 10 mil colaboradores e 2,5 mil médicos, a empresa possui uma rede de aproximadamente 216 unidades de atendimento.
Liga Insights (LI) – Quais as iniciativas do Grupo Fleury para estar em contato com inovação com startups e projetos de Hard Science no campo da saúde?
Amanda Curti (AC) – Por meio do Fleury Lab, conseguimos nos conectar com startups, universidades e centros de pesquisa para desenvolvimento de projetos de inovação no setor de saúde. As equipes de Estratégia, Inovação e Novos Negócios monitoram o mercado e tendências para definir a estratégia de inovação do Grupo e capturar potenciais oportunidades. Hoje algumas fontes alimentam o pipeline de iniciativas de inovação do Grupo, como parcerias estratégicas com fundos estrangeiros, hospitais, fornecedores e hubs de inovação. Por meio de nossos canais digitais, possuímos uma seção aberta para que pesquisadores e empreendedores possam aplicar para codesenvolvimento de projetos.
LI – Em questão de inovação em produtos e P&D, qual o processo para realizá-la?
AC – O time de P&D existe no Grupo há mais de 10 anos, e temos processos bem estruturados para captura das solicitações de projetos, desenvolvimento dessas soluções, lançamento e monitoramento de resultados. Pensando em inovação, mesclamos modelos de fazer isso interna e externamente. Temos um time interno de P&D, com assessores científicos, bioinformatas e analistas, além do corpo clínico, que trabalham nos projetos, que podem ser desenvolvidos com recursos 100% internos ou em parceria. Em 2019, o Grupo investiu R$ 14,6 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento, e alcançamos a marca de 160 produtos implantados. No âmbito de pesquisa, cujo objetivo é avançar no desenvolvimento de novas tecnologias e produção científica, tínhamos ao final do ano passado 58 projetos em andamento, sendo 78% deles em parceria com universidades e instituições de pesquisa.
LI – Qual é a maior dificuldade quando falamos de buscar inovação no desenvolvimento de produtos em Saúde?
AC – Acho que a complexidade do setor em termos regulatórios e a segurança do paciente. Em saúde, a cultura de prototipação rápida e abertura a erro é mais limitada do que em outros setores. Até que um produto possa ir para o mercado e ser utilizado em pacientes , é necessário muita validação e aprovações regulatórias. Olhando em um cenário Brasil, a questão econômica e aversão a riscos também impacta o desenvolvimento de inovação no nosso setor. Poucas instituições assumem o risco de investir em pesquisa e desenvolvimento de soluções ainda muito embrionárias e acabam optando por importar soluções já prontas e validadas.
LI – Como vocês entendem a maturidade do segmento em termos de pesquisa e empreendedorismo?
AC – No Brasil, esse mercado ainda é embrionário e o desenvolvimento de pesquisa, é liderado por poucas instituições de referência. Sentimos que o cenário está mudando aos poucos, mas a academia ainda é muito voltada à pesquisa básica, e pouco voltada ao empreendedorismo; e ainda existem poucas startups maduras nesse setor, se comparadas a outros setores. Vemos um salto enorme nos últimos 5 anos, principalmente com iniciativas de instituições de incubação, aceleração e fomento, e as próprias empresas do setor, que fomentam esse mercado, aceleram essas soluções e conectam o mundo da pesquisa com as oportunidades de negócios.
Confira o estudo completo Liga Insights com o tema Hard Sciences na Saúde!