12 de setembro de 2022 Entrevistas

Iana Chan, CEO da PrograMaria

Confira a opinião de Iana Chan, CEO da PrograMaria, sobre diversidade em equipes de TI e como o aprendizado pode transformar o atual cenário

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Iana Chan, a CEO da PrograMaria, foi uma das profissionais entrevistadas para o estudo Liga Insights IT Startups, lançado em julho de 2018. Durante a entrevista, Chan comentou sobre a falta de mulheres na área da tecnologia e a necessidade de mudança nos ambientes e cenários atuais de trabalho.

O estudo completo está disponível para download neste link.

A PrograMaria busca empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia e da programação. Além disso, tem o objetivo de promover oportunidades e ferramentas para que elas deem os primeiros passos na aprendizagem da programação.

Iana Chan é jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP). Foi Program Manager na Liga Ventures e atualmente é a CEO e Cofundadora da PrograMaria.

Confira a seguir a entrevista na íntegra:

Liga Insights (LI) – Apesar de maioria no ensino superior, as mulheres são cerca de 15% dos alunos de cursos relacionados à computação e apenas 17% do mercado brasileiro de TI. Por que as mulheres são minoria na área?

Iana Chan (IC) – Somos ensinadas desde pequenas a sermos cuidadoras e a servir. Ganhamos bonecas e conjuntinho de panelas para brincar, enquanto, aos homens, são reservadas outras expectativas. Durante muito tempo o computador e o videogame foram objetos direcionados para os meninos. Tudo isso cria uma narrativa cultural de que mulher e tecnologia não combinam.

O senso comum – e errôneo – de que “mulheres não são boas em matemática” tem consequências na relação negativa que muitas mulheres acabam criando com a tecnologia e nas carreiras que escolhem seguir. Não dá para simplificar e dizer que se trata apenas de “falta de interesse”. É importante problematizar como essas experiências, estímulos e oportunidades distintos contribuem para a desigualdade na área. Também é preciso debater sobre o ambiente hostil que elas encontram quando estudam ou trabalham na área, devido ao machismo enraizado em nossa cultura.

LI – O que as empresas podem/devem fazer para que tenham mais diversidade no time de TI?

IC – O primeiro passo é refletir se a empresa tem uma cultura que percebe a diversidade como um valor. De nada adianta contratar mais mulheres se elas não vão encontrar um ambiente em que sejam respeitadas. E o ambiente também precisa possibilitar seu desenvolvimento profissional. Isso somado à falta de oportunidades de crescimento na carreira, salários mais baixos e carga de trabalho intensa e pouco flexível faz com que a taxa de evasão das mulheres do mercado de TI seja mais alta.

Para haver diversidade é preciso haver intencionalidade. Existe uma série de boas práticas que as empresas podem seguir para atrair e desenvolver mulheres na tecnologia. Primeiro, cuidar para que a descrição da vaga seja inclusiva, buscar candidatos em diferentes lugares, fazer formações sobre viés inconsciente. Depois, reconhecer e dar destaque às suas colaboradoras mulheres. É necessário prover canais de acolhimento de denúncias, agir rapidamente após situações de assédio, garantir comprometimento da liderança com o tema, estabelecer metas e divulgar seus resultados.

LI – O que a PrograMaria resolveu encarar e transformar em um negócio?

IC – A PrograMaria tem a missão de empoderar mulheres com tecnologia e programação. Queremos mais mulheres em tecnologia porque antes de mais nada faltam profissionais qualificados na área de TI. Independentemente do gênero, as empresas têm um desafio enorme para recrutar talentos técnicos. Essa escassez tem a ver também com o baixo número de mulheres na área.

Além disso, é estratégico recrutar mais mulheres. Porque a inovação será muito mais disruptiva quanto mais diversidade houver nas empresas. É muito mais fácil inovar quando se tem diversidade de gênero, étnico-racial, cultural e social. Essa riqueza traz diferentes perspectivas sobre um mesmo problema e faz com que as soluções “fora da caixa” apareçam.

LI – Como a PrograMaria atua?

IC – As atividades da PrograMaria são fundamentadas em 3 pilares: inspirar, debater e aprender. Em Inspirar, a ideia é trazer representatividade. Apesar de minoria, existem inúmeras mulheres com contribuições relevantes para a tecnologia – no passado e no presente!

No pilar Debater, buscamos qualificar a discussão sobre a falta de mulheres na área. Queremos mostrar não só as barreiras que separam as mulheres da tecnologia, mas também os desafios de quem estuda ou trabalha na área. Em Aprender, oferecemos cursos e oficinas para apoiar não só mulheres que desejam ingressar no universo da programação, mas também para ajudar mulheres que já estão no mercado e desejam dar um passo a mais e assumir posições de liderança. Atendemos empresas que acreditam nessa potência e têm o desafio de contratar mais mulheres.

Confira o estudo completo Liga Insights com o tema IT Startups

 

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