Italo Flammia, Chief Innovation and Digital Officer na Porto Seguro, foi um dos profissionais entrevistados para o estudo Liga Insights IT Startups, lançado em julho de 2018. Durante a entrevista, Flammia discorreu sobre a promoção de inovações na área de TI e como os CIOs e CTOs podem atuar em conjunto para isso.
O estudo completo está disponível para download neste link
A Porto Seguro é uma das maiores seguradoras do Brasil e mantém constante relacionamento com startups por meio da Oxigênio Aceleradora, aceleradora de startups criada pela empresa em 2015.
Liga Insights (LI) – Além de promover a inovação na corporação como um todo, como é promover inovações dentro de uma área como a de TI, que é associada como responsável por inovações?
Italo Flammia (IF) – Independentemente da área, o fomento de inovação envolve uma discussão sobre risco. Ao mesmo tempo, por ser cobrada para que processos funcionem adequadamente, a implementação de novas tecnologias ou técnicas em TI se torna complexa, pois esta é uma área na qual não podem existir erros. Isso se torna destrutivo para inovação. Não haver abertura a riscos elimina chances de adoção de tecnologias, técnicas e metodologias novas.
Assim, o incentivo à inovação deve ser feita por meio de uma adoção nichada, em projetos nos quais possam ser cometidos pequenos erros, em que riscos são aceitos. O teste em processos menores permite o aprendizado, ajuste e entendimento da grandeza do risco que se corre ao implementar algo novo. É a partir dessa avaliação inicial que é possível decidir se haverá uma ampliação para outros projetos ou departamentos da empresa. Simultaneamente, são precisos foco e pessoas importantes que participem disso e que pensem no avanço consciente de processos mais críticos.
LI – De que forma os CIOs e CTOs podem atuar juntos para catalisar as mudanças necessárias em tecnologia?
IF – Os dois profissionais precisam trabalhar juntos para que não haja uma desconexão, mesmo que um seja mais focado em tecnologia e infraestrutura e o outro seja mais focado em sistemas e processos. A responsabilidade dessa catalisação depende da agenda, da prioridade e pendências da área. Se a agenda é muito operacional, não haverá inovação. Além disso, independentemente do profissional ser um CIO ou um CTO, é preciso que se tenha uma característica de inovação que envolve o entendimento sobre um ambiente desnormalizado e a propensão a correr riscos.
LI – O que é esperado das startups que oferecem inovações para as corporações?
IF – As startups precisam ter uma proposta de valor que envolva a resolução de um problema que a área de TI possua. Suas soluções também têm de apresentar uma relação custo-benefício atrativa, no sentido de gerarem resultados positivos. Além disso, é preciso disponibilizar suporte técnico quando problemas ocorrerem, uma vez que TI é responsável por manter os sistemas funcionando.
LI – Como surgiu a ideia de inovar por meio de startups na Porto Seguro?
IF – Em meio a um cenário de competitividade acirrada, procuramos a diferenciação de mercado correndo atrás da velocidade das mudanças e das expectativas dos clientes. Precisávamos trazer produtos semiprontos do ecossistema de startups para que pudéssemos transformá-los em soluções para o nosso negócio. Dessa forma, estudamos modelos de aceleração de startup, fizemos benchmarkings e definimos nossa estratégia.
Em setembro de 2015 criamos a Oxigênio Aceleradora com quatro objetivos principais. Primeiro, acessar soluções que podiam agregar diferenciais aos produtos e serviços da Porto. Segundo, estimular a cultura interna do interempreendedorismo, inspirando os funcionários por meio dessa aproximação com startups. Depois, nos conectarmos a talentos externos que poderiam, em algum momento, vir trabalhar conosco. Por fim, investir em startups com potencial exponencial de crescimento. Hoje, em parceria com a Liga Ventures, já foram mais de 25 startups aceleradas em 2 anos e meio de Oxigênio.