Luiz Augusto Barroso, Diretor-Presidente da PSR, foi um dos entrevistados para o estudo Liga Insights: Inovação no Mercado de Energia, lançado em setembro de 2020. Durante a entrevista, ele falou sobre as perspectivas para o mercado livre de energia no Brasil.
O estudo completo está disponível para download neste link.
A PSR oferece, desde 1987, soluções tecnológicas e suporte especializado nos setores de energia elétrica e gás natural (E&G) em diversos países, sendo uma das principais consultorias atuantes nestes mercados na América Latina.
Liga Insights (LI) – Quais as perspectivas da PSR quanto ao mercado livre de energia no Brasil?
Luiz Augusto Barroso (LB) – As perspectivas para o mercado livre de energia são bastante positivas, justificada por dois fatores: a perspectiva de aprovação do projeto de Lei PLS 232/2016, que permitirá que todos os consumidores do país tenham o direito, futuramente, de participar do mercado livre, além da presença abundante das fontes renováveis de produção de energia, cuja competitividade econômica é bastante mais atrativa que a tarifa de energia da distribuidora.
LI – Acredita que a consolidação do mercado livre pode contribuir para a geração de novas tecnologias e novos modelos de negócio?
LB – O mercado livre já vem contribuindo. O melhor exemplo é, mais uma vez, com as energias renováveis. Outro exemplo é a geração distribuída, onde a geração solar fotovoltaica se destaca. Inúmeros novos modelos de negócios vêm surgindo, como participação de consumidores em sociedades de autoprodução, leasing de painéis solares e, no futuro, teremos esta opção de suprimento oferecida ao consumidor junto com planos de telefones celulares, TV a cabo, etc. Neste mesmo futuro teremos a presença de algoritmos para tratar da enorme quantidade de dados que estarão disponíveis, do consumidor, e com isso permitir que, de forma automatizada, ele se torne um agente ativo no mercado de eletricidade, comercializando sua flexibilidade, respondendo a preços, gerando eficiência energética.
LI – Quais os principais desafios para as empresas que desejam realizar um processo de migração para o mercado livre de energia?
LB – Existe um custo de transação. Hoje ainda temos uma burocracia para a migração e existem desafios operacionais importantes. Além disso, o mercado é muito fragmentado, com assimetrias fortes de informação entre as partes vendedoras e compradoras e características peculiares que provocam riscos importantes. Todos estes aspectos estão no radar das autoridades e sendo tratados, reduzindo o custo de transação para que o consumidor participe do mercado e assegure financeiramente suas transações.
LI – Como você avalia a percepção dos consumidores frente às mudanças no ambiente de energia brasileiro e global?
LB – É saudável permitir ao consumidor brasileiro a liberdade para escolher seu fornecedor de energia. Uma outra discussão é sobre o real interesse do consumidor em um mercado livre. Os consumidores para os quais a energia é mais importante em seu processo produtivo, obviamente estão mais “antenados”. Já os consumidores menores, talvez tenham menos interesse em serem “tão ativos” e é possível que procurem por estruturas contratuais mais simples, que garantam uma economia de custos em relação ao que já pagam. A forma como esta estratificação ocorrerá irá definir muito sobre o futuro do mercado livre no país.
LI – Como a PSR tem atuado dentro de contexto atual do mercado de energia?
LB – A PSR é uma empresa ativa no mercado global de consultoria há mais de 30 anos. No Brasil temos apoiado vários geradores e consumidores em sua participação no mercado livre, com análises de riscos, estudos econômicos, regulatórios e cenários e projeções de preços e tarifas considerando toda a revolução tecnológica pela qual passa este setor.