Lucas Delgado: Diretor de Projetos e Novos Negócios da EMERGE, foi um dos entrevistados para o estudo Liga Insights Hard Sciences na Saúde, lançado em julho de 2020. Durante a entrevista, ele falou sobre o contexto de hard sciences na saúde brasileira.
O estudo completo está disponível para download neste link.
Fundada em 2017, a EMERGE é especializada no desenvolvimento de inovações, tendo como princípio a ciência de base e a pesquisa em Hard Sciences e Deep Sciences.
Liga Insights (LI) – De que forma a EMERGE atua no mercado?
Lucas Delgado (LD) – A nossa missão enquanto organização é aumentar a inovação de base científica no país. Entendemos que isso só acontece conectando quem produz a ciência – universidades, centros de pesquisa e spin-offs – com grandes corporações e fundos de investimento com tese em Hard Science, atores com a capacidade de alavancar isso em alguma medida. Nos posicionamos como uma organização com duas faces, uma voltada para o cientista e outra para a indústria. Para o cientista, prestamos um auxílio para alavancar sua pesquisa da bancada para o mercado, por meio de de formação, mentorias e direcionamento das tecnologias. Para a indústria, atuamos como consultoria, viabilizando o desenvolvimento da inovação de base científica, passando pela definição de frentes estratégicas, mapeamento e avaliação de projetos, e transferência de tecnologias.
LI – Pensando nesse propósito, o que vocês enxergaram no ambiente brasileiro para criar a EMERGE?
LD – Antes de iniciar a empresa, nós nos perguntamos três questões: se existiam bons projetos de base científica no país que queriam se tornar inovação; se conseguiríamos atrair esses projetos; e se conseguiríamos gerar valor para eles. O Brasil é um país que produz muitos artigos científicos e é referência em importantes campos. É um país muito empreendedor também. No entanto, é mal posicionado no Índice de Inovação Global e no Índice de Competitividade Global. Fazendo uma analogia, se temos bons insumos, por que a produção não é de primeira linha? Partimos, então, para contribuir com o desafio da redução dessa lacuna.
LI – Como você enxerga o segmento de Hard Sciences para Saúde no Brasil?
LD – É um dos temas mais vistos no ramo da ciência e bastante promissor. Se recortarmos os dados da produção científica brasileira, boa parte dela é voltada para ciências da Saúde, o que nos posiciona em um nível de produção mundial relevante e uma das referências em diversos campos. Olhando pelo lado do mercado, a indústria já entende o poder da inovação de base científica. Vivemos uma onda de inovação muito forte em digital, que é fundamental, e a próxima onda que vai posicionar as empresas e colocá-las acima das demais em nível de competitividade é o investimento em inovação de base científica.
LI – Existe um próximo passo óbvio e necessário para esse segmento continuar evoluindo em uma velocidade satisfatória?
LD – Do lado da ciência, acredito que conseguir traduzir projetos e tecnologias de forma cada vez mais clara para o mercado, o que não é uma tarefa fácil, mas existem instituições que podem ajudar bastante nesse processo, inclusive nas universidades. Do lado da indústria, é preciso se movimentar, começar a fazer de forma estratégica, além de buscar entender como funciona esse processo específico de inovação e os riscos envolvidos. Se o Brasil quiser despontar e deixar de ser dependente de importação de tecnologia para se tornar um exportador, é preciso que as corporações comecem a se estruturar para fazer esse relacionamento com as universidades. Em nenhum país no mundo o setor produtivo se tornou um caso de sucesso sem relacionamento com pesquisa, universidades e centros de ciência.
Confira o estudo completo Liga Insights com o tema Hard Sciences na Saúde!