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Bruno Jorge, Head de Indústria 4.0 na ABDI

Bruno Jorge ABDI

Bruno Jorge, Head de Indústria 4.0 na ABDI, foi um dos entrevistados para o estudo Liga Insights Indústria 4.0, lançado em fevereiro de 2020. Durante a entrevista, ele comentou sobre os desafios para a consolidação da indústria 4.0 no Brasil.

O estudo completo está disponível para download neste link.

A ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), sob a supervisão do Ministério da Economia, se consolidou, ao longo de 14 anos de existência, como a Agência de inteligência do Governo Federal para o setor produtivo. A ABDI possui um quadro técnico enxuto, ágil e qualificado para desenvolver estratégias e ações voltadas à promoção da inovação e da competitividade do País.

Com ampla experiência no mercado de tecnologia e no universo acadêmico, Bruno Jorge desde 2009 na ABDI, sendo atualmente Head de Indústria 4.0 na Agência. Jorge é graduado em administração pela UnB (Universidade de Brasília) e possui mestrado em ciência da informação pela mesma instituição.
Confira a seguir a entrevista na íntegra:

 

Liga Insights (LI) – Como a ABDI tem fomentado o conceito de Indústria 4.0 no Brasil? 

Bruno Jorge (BJ) – A ABDI tem um conjunto de programas que buscam estruturar ações dentro das empresas, possibilitando a transformação das indústrias. Não se trata apenas de uma questão de adoção tecnológica, mas de uma transformação ampla da empresa suportada por tecnologias digitais. Temos uma agenda para a Indústria 4.0 e, dentro desta estratégia, lançamos uma plataforma. Na ferramenta, a empresa realiza uma autoavaliação de maturidade, recebe um diagnóstico e um roadmap tecnológico para estabelecer novos padrões produtivos e de negócio. A partir desse posicionamento, será possível desenvolver um plano de investimentos e realizar testes de aderência das soluções por meio de simulações ou de pilotos no chão de fábrica.

LI – Quais as principais tendências tecnológicas que podem se fortalecer na indústria brasileira? 

BJ – Para o momento atual das empresas industriais brasileiras, acredito que o uso de IoT, captura e análise de dados em grande volume (big data, analytics e inteligência artificial) para suporte ao planejamento, tomada de decisão e o uso de ferramentas digitais de gerenciamento são as principais tendências que podem se fortalecer no nosso ambiente produtivo.

LI – Como avaliam o mercado de startups atuantes na indústria brasileira?

BJ – Os investimentos em startups crescem no Brasil, mesmo com o baixo crescimento econômico. Esse novo jeito de trabalhar com mais agilidade e de forma colaborativa contribui exponencialmente para a difusão tecnológica e impulsiona o desenvolvimento do setor produtivo. Outro aspecto muito relevante do mercado de startups é a oportunidade de inserir o Brasil em cadeias globais de valor.

LI – Qual a sua percepção sobre as tecnologias de realidade aumentada e suas aplicações na I4.0?

BJ – O melhor caso de uso para a RA é na manutenção industrial. Com ela, é possível levantar todas as informações necessárias a respeito de uma máquina sem a necessidade de consultar manuais em papel, por exemplo. Outra aplicação é nas atividades de treinamento de pessoal. A realidade aumentada pode produzir um envolvimento maior das pessoas e difundir rotinas que serão mais facilmente implementadas nas empresas.

LI – Quais os principais desafios para uma empresa que deseja se adequar a indústria 4.0?

BJ – Em junho deste ano, a ABDI concluiu uma pesquisa a respeito da maturidade das indústrias brasileiras em relação ao paradigma industrial 4.0. De um modo geral, há um longo caminho para a maioria das empresas brasileiras atingirem a maturidade necessária para implantação deste paradigma. A organização de processos e pessoas deve ser requisito para as empresas brasileiras se aventurarem a implantar os princípios e tecnologias da Indústria 4.0. Ainda há a questão relativa à capacitação. A formação de recursos humanos e a geração de conhecimento são condições necessárias para capacitar a empresa brasileira a inovar. O Brasil já conta com arcabouço institucional e com os principais instrumentos para promover a inovação. No entanto, é preciso que a indústria utilize melhor estes mecanismos de fomento.

Confira o estudo completo Liga Insights com o tema Indústria 4.0!