Ícone do site Liga Blog

Roberto de Souza, Diretor-Presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações)

Roberto de Souza CTE

Roberto de Souza, Diretor-Presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), foi um dos profissionais entrevistados para o estudo Liga Insights Real Estate, lançado em agosto de 2018. Durante a entrevista, Souza contou sobre o propósito da Rede Construção Digital, coordenada pelo CTE, sua percepção sobre a digitalização do setor de Real Estate, sobre a tradicionalidade da área em inovar, bem como o papel das startups dentro de todas as mudanças enfrentadas pelo setor.

O estudo completo está disponível para download neste link.

A CTE é uma empresa de consultoria e gerenciamento especializada em qualidade, tecnologia, gestão, sustentabilidade e inovação para o setor da construção.

Roberto Souza é Barachel, Mestre e Doutor em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da USP Desde 1990 é Diretor e Presidente do Centro de Tecnologia e Edificações.
Confira a seguir a entrevista na íntegra:

Liga Insights (LI): Qual o propósito da Rede Construção Digital que é coordenada pelo CTE?

Roberto Souza (RS): A Rede Construção Digital é formada por um grupo de 32 empresas da cadeia produtiva, cujo propósito é exponenciar a digitalização no setor da Construção Civil e criar um movimento que faça avançar as tecnologias digitais, entre elas a Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Big Data, Marketing Digital, BIM, Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Impressão 3D e a Robótica.

É um trabalho compartilhado, no qual mapeamos as startups que estão trabalhando nessas temáticas, identificando dores que as empresas têm na cadeia produtiva. Assim, fazemos eventos e realizamos discussões acerca dessas tecnologias, buscando desenvolver projetos para avançar dentro da cadeia da construção.

LI – Por que é tão difícil digitalizar o setor da construção?

RS – No mundo todo, o grau de produtividade, inovação, industrialização e digitalização é muito baixo no setor de Construção, por ser um setor extremamente disperso, com uma quantidade gigante de construtoras, fabricantes, projetistas, fornecedores, e ser também  uma cadeia muito regionalizada.

Os sistemas construtivos ainda são conservadores, antigos e evoluíram pouco. No Brasil, especialmente, há uma dispersão regional absurdamente grande e não há entidades de classe com representatividade do setor como um todo, o que acarreta em poucas políticas setoriais e discussões setoriais de estratégia, inibindo o avanço do setor.

LI – A tradicionalidade do setor se dá por um receio, por parte das empresas, em inovar?

RS – As empresas entraram em uma zona de conforto. Em geral, no mercado imobiliário, as empresas são de base familiar, antigas, que vêm trabalhando há 30, 40, 50 anos do mesmo jeito e não veem a necessidade de inovar, por terem utilizado um modelo que no passado deu certo.

Como poucas empresas inovam dentro do setor, elas não se sentem ameaçadas também pelos competidores, e o consumidor também não exige muita inovação. Isso cria um círculo vicioso, em que a empresa se acomoda. Mas é algo que tende a se modificar com as novas gerações, novos comportamentos, que estão começando a desafiar as empresas para a mudança.

LI – O que pode tirar as empresas dessa zona de conforto?

RS – Fundamentalmente, as características e o comportamento do consumidor. As novas gerações já não têm mais o mesmo interesse na aquisição da casa própria, por exemplo. Há uma quebra de paradigma nisso, o que altera completamente o mercado.

É uma série de hábitos, que vão mudando e criando a necessidade de novos modelos de negócio. E você tem que necessariamente ir para a inovação, não adianta trabalhar na forma antiga para um consumidor novo, com um mindset diferente, com novos hábitos e costumes.

LI – Qual é o papel das startups dentro de todas essas mudanças?

RS – Acho que ainda há muita espuma em torno das startups, criando uma falsa ideia de que elas resolvem qualquer problema. Há a necessidade de elas estarem em conexão com as grandes corporações e com o mercado, para entenderem exatamente as dores que essas corporações têm, quais  problemas elas podem resolver – principalmente os que levariam muito tempo para serem resolvidos – e se posicionarem no desenvolvimento de soluções. A validação é de extrema importância, juntamente com a agilidade das soluções e conexão com o mercado.

Confira o estudo completo Liga Insights com o tema Real Estate