Eduardo Sattamini, Diretor-Presidente e de Relacionamento com Investidores da ENGIE Brasil Energia
Confira a entrevista do Liga Insights com Eduardo Sattamini, Diretor-Presidente e de Relacionamento com Investidores da ENGIE Brasil Energia, sobre os novos modelos de negócios que estão surgindo no mercado de energia
Eduardo Sattamini, Diretor-Presidente e de Relacionamento com Investidores da ENGIE Brasil Energia, foi um dos entrevistados para o estudo Liga Insights: Inovação no Mercado de Energia, lançado em setembro de 2020. Durante a entrevista, ele falou sobre os novos modelos de negócio que estão surgindo no segmento energético brasileiro.
O estudo completo está disponível para download neste link.
A ENGIE Brasil é a maior produtora privada de energia elétrica do Brasil, com capacidade instalada própria de 10.211MW em 61 usinas, o que representa cerca de 6% da capacidade do país. A empresa possui quase 90% de sua capacidade instalada no país proveniente de fontes renováveis e com baixas emissões de GEE, como usinas hidrelétricas, eólicas, solares e biomassa.
Liga Insights (LI) – Que novos modelos de negócio acreditam que podem se fortalecer, ao longo dos próximos anos, no segmento de energia do Brasil?
Eduardo Sattamini (ES) – O modelo de autoprodução de energia tem sido estudado por alguns grupos de clientes que tem a rubrica de “energia” com alta representatividade em sua base de custo. Dessa forma, seguindo as necessidades e a evolução do mercado, estamos trabalhando/avaliando essa modalidade de negócio pensando em usinas centralizadas (a princípio eólicas) sendo construídas em parceria com grandes clientes. Esse modelo é capaz de otimizar o custo da energia para o cliente, que ainda conta com benefícios de redução de encargos setoriais, e pode alavancar novos projetos para a companhia.
LI – O custo das energias renováveis tem caído e aberto a oportunidades para que novos consumidores possam aderir a estas fontes. Dentro deste contexto, que mudanças positivas podem surgir no cenário de energia do país?
ES – A busca pelo desenvolvimento sustentável tem exigido que a sociedade oriente suas atividades para uma economia de baixo carbono. Além de alterar matriz energética, para substituição de combustíveis fósseis, esse processo exige mudança de hábitos dos indivíduos, bem como de modelos de negócios. Novas tecnologias – com destaque para dispositivos móveis, internet das coisas e big data – permitirão ganhos em eficiência e automação de sistemas relacionados à energia, visando redução de custos e flexibilidade operacional. Além disso, mais diretamente, a redução do uso de combustíveis fósseis minimiza as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para o combate às mudanças climáticas.
LI – Quais as vantagens e os desafios que a adoção do preço-horário devem trazer para o mercado de energia brasileiro?
ES – O preço-horário vai melhorar a alocação de custos no setor elétrico e, por conseguinte, melhorar a eficiência da sua infraestrutura. A medida que a energia se mostra mais cara em determinado momento do dia, essa sinalização de preço deslocará consumo destes períodos, desafogando a infraestrutura e aumentando a sua utilização em momento de subutilização. Pensando no Trading, ainda temos a diversificação de produtos. Teremos condição de aumentar a granularidade dos produtos e capturar oportunidades que antes não existiam, como um consumo diferente num determinado horário do dia, ou a geração de uma usina concentrada em um período específico. Tudo isso é capaz de trazer um valor para a mesa que antes ninguém percebia.
LI – Como avalia as mudanças do perfil do consumidor em relação ao mercado de energia?
ES – O consumidor tende a ser cada vez mais ativo no processo de transição energética, ao optar por comprar uma energia com garantia de origem renovável, ou certificados de energia, o consumidor tem o papel de contribuir ativamente para que essas fontes se viabilizem cada vez mais. Além disso, há também um papel mais ativo em seu consumo, com as novas tecnologias, como o IoT, o consumidor pode adquirir produtos que sejam programados para consumir energia em horários no qual o recurso energético está mais barato ou serem desligados automaticamente em momentos de alta de preços.