Beatriz Benedetti, Gerente Executiva de Inovação da BRF
Confira entrevista do Insights com Beatriz Benedetti, Gerente Executiva de Inovação da BRF, sobre a inovação profunda no mercado de alimentos
Beatriz Benedetti, Gerente Executiva de Inovação da BRF, foi uma das entrevistadas para o estudo Liga Insights: Deep Techs, lançado em agosto de 2020. Durante a entrevista, ela falou sobre a inovação profunda no mercado de alimentos.
O estudo completo está disponível para download neste link.
Uma das maiores produtoras e distribuidoras globais de alimentos, a BRF conta com mais de 35 unidades de produção, 40 centros de distribuição, além de mais de 4 mil produtos e 4,5 milhões de toneladas de alimentos comercializados em todo mundo.
Liga Insights (LI) – Como a BRF enxerga a evolução do mercado de Deep Techs no Brasil?
Beatriz Benedetti (BB) – O mercado tem evoluído rapidamente e transformado a realidade de grandes empresas e da sociedade. A BRF vem acompanhando que existem regiões mais desenvolvidas, como Israel & EUA, dada uma conjuntura de disponibilidade de capital humano altamente capacitado (ligado a instituições de ensino de alta qualidade), incentivo governamental e participação da iniciativa privada. Neste sentido, a BRF acredita que o Brasil possui os elementos necessários para que sejamos protagonistas em deep techs com soluções voltadas ao agronegócio. Nós estamos nos aproximando desse ecossistema cada vez mais, buscando soluções para diferentes áreas de atuação da companhia.
LI – De que modo estimulam a ciência e a pesquisa no dia a dia da companhia?
BB – Além dos pesquisadores exclusivos, a companhia conta com frentes de inovação aberta e incentivo à ciência aplicada, como por exemplo, o BRFHub e programa EMERGELabs BRF, além de iniciativas de pesquisa das áreas de CIEX Agro, Qualidade, Indústria e TI, que constantemente buscam soluções inovadoras em temas como Indústria 4.0 e transformação digital.
LI – A empresa acompanha o cenário de biotecnologia no Brasil?
BB – A biotecnologia faz parte do cerne do negócio da BRF e, sem dúvidas, é uma área de interesse da companhia. A conexão prévia da BRF com deep techs de biotecnologia brasileiras surpreendeu positivamente, devido à formação e relação com instituições de ensino de alto renome, dentre eles doutores e pós-doutores da USP, Unicamp, UFV, UFRGS etc. Com o PLP-46, projeto de lei também conhecido como “marco legal das startups”, a BRF acredita que o ecossistema será impulsionado.
LI – Quais as principais tendências de inovação disruptiva que vocês tem acompanhado?
BB – Existem algumas possibilidades interessantes para o futuro da alimentação e com alto potencial transformacional da sociedade. Alguns exemplos são o “plant-based” e “cultivated-meat” (também conhecido como “cell-based” ou carne de laboratório). Além disso, soluções nutricionais personalizadas por meio do mapeamento genético individual também podem transformar o segmento.
LI – A BRF tem parcerias com startups de Deep Sciences?
BB – Sim. Um exemplo é a Biolinker que desenvolveu uma tecnologia para extensão de shelf-life de produtos cárneos.
LI – Quais os desafios para trazer inovação profunda para o mercado de alimentação?
BB – A BRF entende que um dos principais desafios se trata da barreira regulatória. Como a legislação brasileira proíbe tudo o que não está contido na “lista permitida” ou de normas estabelecidas, muitas inovações não saem da bancada. Esse é um desafio do mercado de alimentação como um todo e abrange uma certa complexidade. Para a BRF, a segurança dos consumidores não pode ser colocada de lado nunca e desta forma, a companhia acredita que, com o tempo, novos processos de avaliação e certificação mais rápidos e menos burocráticos estarão à disposição do mercado.