Mundialmente, a construção civil e a arquitetura são alguns dos maiores setores da economia. Juntos, têm gastos anuais de mais de 10 trilhões de dólares em bens e serviços, segundo o relatório do McKinsey Global Institute, Reinventing construction: A route to higher productivity. No Brasil, a construção civil é responsável por 8% do PIB. Entretanto, a crise econômica impactou diretamente no desenvolvimento desses setores nos últimos dois anos. De acordo com a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), o faturamento das empresas do setor de construção civil caiu 18,7% em 2015.
Investimento em tecnologia para redução de custos
Segundo a Sondagem Especial, divulgada pela CNI, as empresas reconhecem a necessidade de investir em tecnologia como uma alternativa para a crise. Para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção, 80% das companhias afirmaram que pretendem investir em segmentos tecnológicos nos próximos 5 anos, principalmente em tecnologias da informação.
De acordo com a McKinsey, o nível de produtividade não acompanha o crescimento econômico dos países em que as empresas de construção civil se encontram. Se conseguisse atingir o mesmo nível, ganharia US$ 1,6 trilhão em valor agregado. O setor de construção é um dos menos digitais no mundo, ocupando o penúltimo lugar em digitalização da indústria.
A interação entre tecnologias e os setores de construção e arquitetura é essencial, principalmente para a solução de problemas estruturais que as áreas têm. Um dos desafios enfrentados na construção civil é o desperdício, seja de materiais, tempo ou mão de obra, que impactam diretamente nos orçamentos e gastos de um projeto. Seja por perdas naturais, superdimensionamento de obra ou até inadequação no uso de equipamentos, há, de fato, uma perda de 8% de materiais, de acordo com uma pesquisa realizada pela Escola Politécnica da USP.
Tecnologia 3D
Uma das soluções emergentes e já existentes são as estruturas pré-moldadas e construídas a partir de impressoras 3D, que podem oferecer benefícios como redução de custos, prazos e desperdício de materiais. Também se tornam uma opção sustentável por não deixarem resíduos sólidos no ambiente. As estruturas podem ser construídas com cimento, reforçadas com fibras de aço ou até utilizar polímeros. A impressão 3D permite a troca de diferentes materiais durante a construção, além da soldagem aditiva. Quanto à agilidade do processo, também permitem uma montagem mais rápida.
Um time do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) criou um bot para impressão em 3D que foi capaz de construir um domo de aproximadamente 3 metros de altura em menos de 14 horas. A startup árabe com sede em Dubai, Cazza, é uma das grandes apostas internacionais. A startup recebeu um investimento inicial de US$ 25 milhões e esperam ter uma receita de US$ 35 milhões até o final de 2017.
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Em 2016 entrou para a aceleração da Dubai Future Accelerators e, como parte do programa, colaborou com o governo da cidade na formulação de leis relacionadas à construção 3D. No Brasil, o cenário ainda é embrionário. Em 2016, estudantes de engenharia da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio de Senai, CBIC, ABCP e SindusCon-DF, criaram uma impressora 3D que utiliza concreto como material de impressão.
Fora do meio acadêmico, há startups como a Urban 3D, que vende sua tecnologia para construtoras, elabora um projeto e imprime, por meio de um robô, um molde em 3D. A ideia, de acordo com Anielle Guedes, fundadora da startup, nasceu da percepção sobre falta de infraestrutura em favelas.
A inovação da experiência do cliente
As inovações tecnológicas, por outro lado, não são introduzidas aos negócios somente para solucionarem problemas. Também são importantes para aprimorar os serviços e a experiência dos clientes, como é o caso das realidades virtual e aumentada. A simulação de ambientes permite que o conceito arquitetônico ou de construção em si sejam visualizados com mais clareza, fazendo com que ganhe um conhecimento holístico maior do projeto. Este é um movimento de mercado que está sendo aquecido. A IrisVR, com sede em Nova Iorque, nos Estados Unidos, é uma das startups que apresentam tal serviço. A startup anunciou no final de 2016 que havia recebido um investimento de US$ 8 milhões em um fundo de Series A.
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De acordo com o CB Insights, apesar de ter aumentado nos últimos 3 anos, a participação em contratos de empresas do setor de construtech ainda é baixa, se comparada com outras indústrias. Foram investidos US$ 250 milhões por VCs na indústria de construção. Outras inovações na área de construção e arquitetura englobam as construções em domo, a argilotrônica e arcologia.
Housing é uma startup indiana que oferece um portal para compra e locação de imóveis com tecnologias de modelagem 3D e imersão 360º. Já levantou cerca de US$160 milhões e tem como investidores os fundos da chinesa SoftBank e da americana Qualcomm Ventures.
A Katerra é uma startup americana que usa tecnologia para redesenhar toda a cadeia de construção. Captou mais de US$200 milhões em investimentos de fundos como Foxconn, com um valuation acima de US$1bi e mais de 800 funcionários em 4 países.
LoopKey, uma startup brasileira no segmento das Internet das Coisas, desenvolveu o conjunto hardware e software para a operação e controle de entradas e saídas em edifícios e casas, através de smartphones e wearables, com mais de 80 instalações.
A iTeleport é uma startup brasileira especializado em renderização 3D em tempo real, uma tecnologia aplicada ao mercado imobiliário para virtualização dos espaços anunciados para locação e vendas. Possui mais de 30 clientes e parceiros usando da tecnologia.