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Aplicações: a importância dos negócios de impacto no Brasil

Conheça o mercado de negócios de impacto no Brasil e como estão afetando a vida das pessoas

Com o propósito de resolver problemas de cunho social e/ou ambiental presentes na sociedade, os negócios de impacto ganham cada vez mais importância no Brasil e no mundo, dentro de um contexto de desafios que o poder público, por si só, não possui capacidade de resolver, seja por sua complexidade ou por seu volume. Assim, negócios de base tecnológica ganham força justamente por sua capacidade de escala, agilidade e resolução mais rápida de problemas.

Apesar de se tratar de um mercado ainda incipiente, as startups de impacto já estão presentes em diferentes áreas – como meio ambiente, cidadania, educação, saúde, serviços financeiros, moradia –, de forma que suas soluções vão ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, cartilha criada em 2015 e que deve ser seguida por todos os países do mundo até 2030. 

Se analisadas fria e separadamente, talvez não pareça que as soluções criadas consigam, de fato, resolver tudo aquilo a que se propõem. No entanto, em uma análise geral, que capta os resultados obtidos por grande parte dessas soluções, fica claro que o objetivo maior – a geração de impacto – tem sido alcançado.

De acordo com informações do Schwab Foundation 2020 Impact Report, o impacto gerado ao redor do mundo por esse ecossistema é bastante interessante e relevante. Segundo o estudo, foram mais de 622 milhões de pessoas que tiveram suas vidas impactadas em mais de 190 países. Além disso, os negócios de impacto também possibilitaram: 

  • US$ 6,7 bilhões em empréstimos ou valor em produtos ou serviços para melhoria da qualidade de vida; 
  • Mitigação de mais de  192 milhões de toneladas de CO2; 
  • Melhoria da educação para mais de 226 milhões de crianças e jovens; 
  • Ampliação do acesso à energia para mais de 100 milhões de pessoas; 
  • Inclusão social para mais de 25 milhões de pessoas com deficiência, população sem-teto ou refugiados.

Conforme análise presente no levantamento, “o empreendedorismo social, como uma expressão organizacional de inovação social, é a demonstração de modelos alternativos de trabalho para enfrentar os desafios atuais do nosso planeta, sociedade e economia. Com a missão de engajar todos os stakeholders na criação de valor social e econômico, empreendedores sociais provaram como todos esses atores – funcionários, consumidores, fornecedores, comunidades locais e o meio ambiente – podem ser beneficiados com isso. É uma clara demonstração de que o Capitalismo Stakeholder pode, de fato, funcionar e os sistemas podem mudar”. 

No Brasil, não se sabe ao certo o número de startups de impacto, visto que os principais mapeamentos consideram o conceito de negócio social de maneira mais ampla, não apenas empresas de base tecnológica com propósito de impacto. Um levantamento realizado pelo SEBRAE em 2017, por exemplo, mapeou 837 iniciativas; o realizado pela Pipe Social, divulgado em 2019, revelou a existência de 1002 negócios brasileiros.

A seguir, apresentamos algumas startups e negócios de impacto brasileiros, cujas soluções são descritas pelos próprios empreendedores das empresas, os quais contribuíram para a construção deste estudo por meio de seus pontos de vista sobre o mercado e negócios de impacto no Brasil. 

4 YOU 2

“A 4YOU2 começou em 2012, com a missão de democratizar o acesso ao ensino de inglês e promover a troca cultural, já que todos os nossos professores são estrangeiros que vem para o Brasil dar aulas na 4YOU2. A educação é um reflexo e um causador da desigualdade existente no Brasil, e isso não é diferente em relação ao ensino de idiomas. Apenas 5% da população brasileira fala inglês e quando você olha para as classes C, D e E esse número é quase 0%. Existem muitas escolas de idiomas no Brasil, mas um número muito pequeno de falantes e os mais pobres estão fora dessa equação. A nossa ideia foi resolver esse desafio em grande escala, oferecendo cursos presenciais melhores e muito mais baratos. A metodologia é baseada em tecnologia, o que facilita a vida do professor e do aluno. Atualmente, estamos com 13 escolas, em três estados do país.  Temos também um braço B2B em que estruturamos um programa de ensino de idiomas para colaboradores de empresas de diversos portes e segmentos. Mais de 15 mil alunos já passaram pela 4YOU2.” 

Gustavo Fuga, fundador e CEO da 4YOU2

Enercred

“O problema que a Enercred busca solucionar é o acesso a energias renováveis, nossa missão é democratizar esse acesso, tanto para quem mora em apartamento, por exemplo, e não tem espaço, quanto para quem não possui recursos financeiros para investir. No nosso modelo, em vez de o consumidor comprar um sistema de geração de energia limpa, ele aluga um percentual de uma usina renovável remotamente, pagando valores acessíveis. Nós oferecemos serviços para as duas pontas, com um dashboard para o dono da usina para controle do faturamento e o balanço energético da usina. Para o cliente final, que pode ser uma pessoa física ou uma PME, oferecemos uma plataforma web e um app, por meio dos quais eles conseguem ver com muita transparência toda a economia que está recebendo, indicar amigos, cadastrar meios de pagamento, tirar dúvidas e solicitar um atendimento. Desde o início da operação já geramos aproximadamente R$30 mil de economia para nossos clientes, deixamos de emitir 62 toneladas de C02 o que é equivalente a ter plantado 1280 árvores.”

José Otávio Bustamante, fundador e CEO da Enercred

Firgun

“A Firgun é uma fintech social, que oferece uma plataforma de peer-to-peer lending para conectar empreendedores que precisam de capital para investir em seus negócios e pessoas dispostas a investir para promover impacto positivo. Nosso nicho de trabalho são empreendedores que pertencem a grupos minoritários, são pessoas de baixa renda, mulheres, negros, LGBTQs, refugiados. A nossa missão é reduzir a desigualdade social, por meio do acesso ao crédito adequado à realidade dessas pessoas. No Brasil, muitos empreendedores não conseguem fazer com que o negócio cresça, justamente pela dificuldade de se conseguir crédito, um fator muito importante que muda a realidade das pessoas e é uma alavanca que a gente pode usar para mudar a realidade de forma mais rápida.  Para o lado do investidor, é a possibilidade de democratização dos investimentos, cujo valor mínimo é de 25 reais. A Firgun já realizou um total de aproximadamente R$ 350 mil em empréstimos, em 55 projetos e mais de 1100 investidores cadastrados na plataforma.”

Fábio Hideki Takara, CEO e fundador da Firgun

Hype50+

“A Hype50+ é uma consultoria de marketing especializada no consumidor maduro, fundada em 2016. Dentro de um modelo B2B, nós ajudamos empresas a criarem melhores produtos, serviços e experiências para o público sênior. No início, ninguém estava falando sobre esse assunto, então não existiam dados sobre o mercado, sobre o consumidor. As companhias não faziam ideia do que estava acontecendo e os empreendedores não conheciam as oportunidades desse segmento. Com a missão também de fomentar esse ecossistema, temos um trabalho que vai além da consultoria. Um dos nossos maiores desafios é o desconhecimento da população sobre a temática da longevidade, que ainda cai em estereótipos do velhinho fragilizado e dependente financeiramente. Foi necessário realizarmos pesquisas, como o Tsunami60+, no qual entrevistamos 2500 brasileiros entre 55 e 90 anos  para tangibilizar o mercado e mostrar – pela primeira vez no Brasil – que  os maduros são, sim, digitais, continuam trabalhando, com uma rotina movimentada e cheia de vida. Além de entender melhor como as empresas  e os empreendedores podem atender esse público crescente.”

Layla Vallias, Cofundadora da Hype60+

Mete a Colher

“O Mete a Colher surgiu a partir de uma ideia de criar uma plataforma que pudesse ajudar e orientar mulheres que sofrem algum tipo de violência. A partir disso, nós criamos um aplicativo, que tem um papel muito importante para criar uma rede de apoio entre mulheres, de forma que elas se ajudem entre si. Em 2019, nós lançamos uma plataforma B2B, chamada Tina, um canal de atendimento web, voltado para o mundo corporativo, com o objetivo de atender e acolher funcionárias de grandes empresas vítimas de violência, principalmente doméstica. Esse é um problema que é levado ao trabalho e afeta também a produtividade dessas mulheres. O objetivo é dar um acolhimento inicial, fazer a escuta, entender os problemas pelos quais elas estão passando e dar orientação de locais que elas podem buscar para auxiliá-las. Além disso, nós realizamos palestras e oficinas, com temáticas voltadas ao empreendedorismo feminino e violência contra a mulher. Já são mais de 4000 mulheres ajudadas e 16 mil conectadas, em mais de 60 cidades do Brasil.”

Renata Albertim, CEO do Mete a Colher

Pickcells 

“A Pickcells é uma startup que se utiliza de visão computacional e inteligência artificial para a automatização de exames microscópicos e identificação de padrões em análises clínicas e patológicas. Nós construímos um microscópio automatizado que lê, fotografa as imagens de lâminas com as amostras, envia essas imagens para a nuvem e o algoritmo identifica se há ou não um parasita, uma larva ou algo anormal. Isso permite uma simplificação do trabalho dos profissionais de saúde, porque o processo pode ser mais acelerado e produtivo. É uma solução replicável, ou seja, tecnicamente, em tudo que houver um padrão e que seja procurável em um microscópio pode ser introduzido inteligência artificial para otimizar o processo.  Em 2018, nós criamos uma solução, ainda ativa, baseada em inteligência artificial, a pedido da prefeitura da cidade de Recife, para identificar ovos de Aedes aegypti em armadilhas distribuídas pela cidade, o que possibilitou uma identificação mais rápida de regiões de foco do mosquito. São milhares de pessoas impactadas indiretamente pela nossa solução.”

Paulo Melo, Cofundador e CEO da Pickcells

PrograMaria

“A PrograMaria surgiu em 2015, como um coletivo de mulheres, uma ONG que dava formação, promovia e realizava eventos, mostrava quais eram os principais caminhos para as mulheres entrarem na tecnologia. Hoje, como uma startup de impacto social, nosso foco é alcançar cada vez mais mulheres, indo desde o incentivo até a empregabilidade.  A missão da PrograMaria é empoderar mulheres com tecnologia e programação para alcançar equidade de gênero. Fazemos isso por meio da venda de soluções para empresas que buscam contratar mais mulheres desenvolvedoras: curso de formação inicial para mulheres em transição de carreira, academias para qualificação de mulheres com conhecimento prévio e eventos customizados para empresas contratantes se conectarem com as mulheres na tecnologia. Nós já realizamos 16 oficinas e 4 edições de cursos, formando mais de 350 mulheres, com boa parte delas ainda na área e com emprego em tecnologia. O próximo objetivo é realizar a mudança física nos lugares, aumentando a presença feminina em meios tradicionalmente masculinos – como é o caso da tecnologia.”

Mariana Pezarini, COO da PrograMaria

Residuall

“Fundada em 2015, a Residuall é uma empresa de base tecnológica, com soluções para logística reversa e gestão de resíduos em grandes empresas. Nossas soluções vão desde a consultoria e assessoria ambiental, até sistemas focados na coleta e gestão de resíduos, que além de garantir o gerenciamento adequado das informações e documentações, permite também a otimização dos processos, inclusive logísticos. Por meio dessa otimização, torna-se viável um maior número de coletas de resíduos, com um custo operacional reduzido. Esse é o nosso grande objetivo, viabilizar a reciclagem de materiais e tornar financeiramente viável essa operação. O principal resíduo que atuamos é o óleo de cozinha usado. Nós ultrapassamos a marca de 20 milhões de litros de óleo coletados e reciclados em todo o Brasil, tudo monitorado pelas nossas soluções. Cada litro chega a encarecer em R$ 0,40 o custo de tratamento de água e pode contaminar até 25 mil litros de água. Além disso, junto à marca Liza, são disponibilizados mais de 700 ecopontos, distribuídos em 200 cidades do Brasil, nos quais as pessoas podem descartar o óleo de cozinha usado.”

Luiz Grilo, Diretor Presidente da Residuall

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